Muito Mídia!
No texto The World is Not a Desktop, o autor Mark Weiser faz um paralelo entre a atual forma dos objetos tecnológicos e objetos criados anteriormente a nossa era, como por exemplo os óculos de grau. Ao propor que a tecnologia e o ser humano estejam integrados de forma que ela passe despercebida como um objeto, uma ferramenta, vê um futuro em que finalmente teríamos conseguido interagir com eles da forma correta.
A ubiquidade, assunto amplamente discutido na área de objetos inteligentes, nos leva a imaginar um futuro em que a tecnologia está presente a todo tempo, de forma a não apenas facilitar nossa vida, mas ser parte dela. Para isso, concordo com o autor ao dizer que é necessária uma imersão maior com relação aos gadgets, é preciso ignorar a interface física do aparelho ao utilizá-lo, não sentir que é uma máquina ou um objeto. Sua forma deve ser natural para nosso uso, assim como os óculos o são para os míopes, que muitas vezes esquecem da presença do objeto em seus rostos.
No entanto, o propósito da tecnologia não deve ser apenas esse, o de fazer parte do mundo real e se misturar a ele. Muitas vezes procuramos saídas para nossa vida cotidiana, através de jogos, livros, televisão. Em todos esses casos, há espaço para uma distanciação do usuário e seu entretenimento. Por exemplo, pode ser mais interessante para alguns jogos em realidade virtual em uma história em que o personagem ou o ambiente se assemelhem ao mundo real, para que o mesmo esqueça que é um jogo; mas, para outros, o interesse está justamente em não haver aproximação com a realidade, como em jogos indie, point-and-click etc. Deixaríamos de lado uma variedade de estilos e jogabilidades apenas para focar na imersão do usuário na história? E se o mesmo não quiser estar dentro da história, mas vê-la como um espectador?
Outra questão a ser pensada deve ser a dependência de tais tecnologias. Atualmente, com a quantidade de ferramentas, com seus diferentes tamanhos e interfaces, vivemos grudados a tais objetos, o que para muitos se torna um vício e grande distração. Deveríamos considerar como inserir as propostas “tecnologias invisíveis” sem distanciar o ser humano de seu ambiente real, sem oferecer apenas distrações e caminhos mais fáceis para suas tarefas, a fim de manter as relações interpessoais e manuais. A fim de não perder o que nos trouxe até aqui: a vontade de tornar a vida melhor, e a capacidade de inventar.